Diário de ellylee

Post longo, entãããão...

Terça-feira, 26 de Março de 2019.

Post longo, entãããão... Público
[i][navy]...não leia se você não curte.
Aqui, eu falo muitas coisas sobre mim, mas mesmo assim ainda tenho alguns bloqueios loucos,
Estou tentando me libertar dessas amarras, mas é complicado.
Decidi contar um pouco da minha história.
Quando criança, lutei contra um câncer, já comentei isso aqui, e é aí que tudo vira de cabeça pra baixo.
Tudo começou quando fomos passear...
Eu fui com minha mãe na caminhonete de um amigo e estrada de terra era de matar, eu ia sacudindo feito gelatina num terremoto.
Tempos depois, comecei a sentir dores muito fortes do lado direito de minha barriga.
Ia na escola e na volta, vinha sentando de banco em banco.
Meu tio chegou a me pegar pela orelha e me ameaçar, dizendo que se eu não chegasse mais cedo, ele me bateria.
Tentarei descrever a dor que eu, uma criança de 9/10 anos sentia...
Imagine que você esteja com uma cólica forte, agora pense nessa mesma dor cinco, dez vezes mais forte...é bem isso.
Enfim, ia muito mal para a escola e voltava pior, porque tinha medo do meu doce tio.
Comecei a ter febre, que não cedia de forma alguma.
Minha mãe correu muito comigo, sempre dependendo de outras pessoas, porque não tínhamos carro.
Até que ela me levou à uma médica maravilhosa.
Essa médica, não achou o que era, e foi aí que minha mãe ouviu a frase que não desejo que ninguém ouça.
"Eu não sei o que é que sua filha tem, ou eu a opero e ela pode morrer, ou eu não a opero e ela pode morrer. O que eu devo fazer?"
Minha mãe disse opera, pelo menos eu fiz o que podia.
Ela abriu minha barriga e lá dentro ela encontrou um tumor de quase 500 gramas ...
Aí você pensa, o tio dela deve ter pedido desculpas...NÃO!!! Nem no hospital ele foi me ver.Fiquei uma semana internada e só recebia a visita de meus pais e amigos queridos.
Mas não pára por aí...
Voltando ao hospital, a médica disse à minha mãe que eu teria que fazer radioterapia ou o tumor poderia voltar.
Na minha cidade não tinha esse tratamento, tive que viajar pra outra cidade.
Chegando nesse hospital de Rib Preto, o médico me disse que a radio era pra evitar que eu ficasse estéril.Fazia exame de sangue toda semana, radiografias e outros exames.
Meu corpo foi todo marcado com uma tinta violeta e o tratamento começou...
Ia todos os dias pra lá e voltava, vomitava mais que mulher grávida, o tratamento era muito pesado pra uma criança. Vi pessoas com feridas horrendas, cheirando podre.
Me livrei da quimioterapia, graças à Deus.
Fiz um ano de radioterapia.
Perdi o ano escolar, por consequência, meus amigos...
Comecei a ir uma vez por mês para o controle.
E o tempo foi passando....
Devo admitir que nesse período, o meu sonho era menstruar...
"Ah, você é louca! Isso é um incômodo...blá blá blá."
Já parou só um pouquinho pra pensar que eu era uma menina, que via todas as primas menstruando, que isso na minha cabeça, era sinal de que elas já eram "mulheres"?
Aos quinze anos de idade, meu corpo não tinha se desenvolvido NADA!
Eu não tinha seios, não tinha um pelo pubiano sequer...
Acha que era gostoso, ver minhas primas, até as mais novas, comprando sutiã, reclamando que os seios doíam porque estava pra vir??
Eu queria isso também!!!
Às vezes eu pegava um absorvente da minha mãe escondido, e colocava, sonhando com o dia em que o sangue desceria.
Fui ao médico, de novo, tomei alguns hormônios e o meu corpo começou a se desenvolver, mas a minha tão desejada menstruação, não vinha.
Até que numa consulta de rotina, minha mãe perguntou se era normal essa demora da menstruação.
O médico, achando que estava tratando com um animal, não pensou duas vezes ao simplesmente jogar tudo, sem nenhuma delicadeza..."quem disse que ela vai menstruar?? Ela jamais vai menstruar e nem ter filhos"
Minha mãe, coitada, não sabia que fazer, que reação tomar.
Eu me fingi de durona e que não tinha ligado, mas só eu sei o que eu senti...
Fiquei em tratamento por sete anos e meio.
Eu fiquei com raiva de crianças, não suportava ver esses "pirralhos".
Minha prima engravidou, e eu ainda tive que ouvir da minha tia " a próxima é você".
Ela foi de uma crueldade tão grande, meu, ela sabia que eu não teria filhos....
Sim, minha família é podre.
O dia que eu desmoronei de verdade mesmo, porque até então eu era "de boa", foi quando, pouco tempo depois de saber que não teria filhos, minha tia perdeu um bebê, cara eu chorei tanto, por mim, por ela...porque?
Porque Deus estava fazendo isso??
Essa foi a única vez que demonstrei fraqueza.
Hoje, já não odeio crianças.Depois que meu irmão se casou, que nasceu sua primeira filha, isso mudou.
Mas ainda não me aproximo de crianças estranhas.
Eu não quero filhos adotivos ou enteados, não quero cuidar de crianças que não são minhas sobrinhas e seus filhos.
Sou grata à Deus por ele ter permito que me curasse, sei que tem pessoas que passam por algo muito pior, mas sei também que o que passei me machuca, mesmo sendo curada, as pessoas me humilharam, se não soubessem teriam uma desculpa, MAS ELAS SABIAM!
Quando vejo uma gravidinha, no fundo sinto uma ponta de inveja, sim, mas não confesso.Porque eu olho pra minha barriga e sei que ela não vai crescer, olho para minha calcinha e sei que jamais verei uma mancha de sangue ali.
Parece bobo, mas é porque você tem tudo isso.
Então quando seus seios começarem a doer, e sua menstruação chegar, não reclame, porque, acredite, tem muitas mulheres que adorariam estar sentindo esse incômodo, eu sou uma delas......


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Comentários

Comentários (4)




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Quarta-feira, 24 de Abril de 2019 �s 05:04
Grata pelo carinho meninas

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Quarta-feira, 27 de Março de 2019 �s 10:17
nao tenha vergonha de te ab nada nem de escrever sobre vc e sua vida saiba que vc e uma lutadora e vencedora que Deus continue te abençoando

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Quarta-feira, 27 de Março de 2019 �s 01:18
Creio que muitas coisas maravilhosas ainda irão acontecer em sua vida, Deus adora surpreender seus filhos :)

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Quarta-feira, 27 de Março de 2019 �s 01:17
Nossa, você é uma lutadora! Tão jovem enfrentar uma doença como essa, graças a Deus pode vencer o câncer e superar tudo o que aconteceu depois.

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