Já faz um tempo...

Ei, querido diário,

o tempo escorre entre os dedos, e eu aqui, tentando capturar fragmentos de um cotidiano que insiste em fugir. Sempre prometo escrever todos os dias, como se as palavras pudessem ordenar o caos, mas a vida não se deixa aprisionar em linhas. Ela respira entre os intervalos do que não registrei.

Essas últimas semanas foram cheias. Até que recuperei meu computador, mas a placa de vídeo queimou. Agora ele está parado no técnico, e a solução é comprar uma GPU nova, o que, no momento, não tá dando. Fico olhando a mesa vazia e lembrando de quantas coisas eu ainda queria criar.

Saí do meu emprego e agora estou nesse território desconhecido entre a procura por algo externo e a tentativa de criar algo meu, aqui de casa. É um vazio que assusta, mas também sinto que, pela primeira vez, estou escutando minha própria voz e não um eco do que esperam de mim.

Aos poucos, vou me desprendendo de um relacionamento que era mais cela do que abrigo. E paralelo a isso surge alguém. Alguém que me olha como se eu fosse real, não uma projeção. Não quero confundir carência com conexão, mas também não quero me trancar em nome de antigas cicatrizes. Já sobrevivi a tantas feridas. O que é um risco, diante de tudo que já perdi?

Quero alguém para apresentar à minha família, para construir planos que incluam "amanhã". Não sei se isso vai dar certo, pois a vida raramente segue roteiros, mas estou disposta a tentar. Porque, no fim, não são as certezas que nos movem, mas a coragem de abraçar as coisas incertas.

Até um dia, querido diário.

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