Como será que eu agiria no lugar destas pessoas?

[b][i][red]Diante dos acontecimentos do dia de hoje todas as demais coisas que aconteceram no meu dia se tornaram pequenas.
Antes de adentrar no mérito da questão, destaco um defeito meu (ou qualidade, depende do ponto de vista) eu tenho a tendência de tomar as dores dos outros, principalmente se tenho apreço por esta pessoa ou se ela faz parte do meu ciclo social, isso faz com que muitas vezes eu adentre e até mesmo me preocupe com situações que não acontecem diretamente comigo. Atualmente estou tentando me manter fora de situações que não façam parte do meu cotidiano, mas infelizmente existem situações que não tenho como ignorar.
Imaginem o cenário, uma mãe, viúva, que na sua velhice, após ter tido diversos filhos, é acometida por uma doença e começa a carecer de cuidados, aqueles oriundos do cotidiano de alguém com algumas patologias. De origem humilde, acaba não tendo condições suficientes de contratar uma pessoa que possa lhe auxiliar ficando a depender dos cuidados dos filhos, do outro lado desta equação estão os filhos, cada um com suas vidas e peculiaridades, trabalhos, família e todos os demais percalços que formam uma vida. Dentre os filhos, uma filha "se propõe" a dar assistência a esta mãe, decorre o tempo e essa assistência começa a "pesar" nas costas dessa filha, que alega "não aguentar mais que todas as responsabilidades que decorrem dos cuidados com esta mãe ficarem só a cargo dela". Até aqui você lê e se questiona, ela estaria certa? afinal tendo outros filhos não deveriam estes auxiliar a irmã nos cuidados a sua mãe? ou estaria a filha "errada" pois cuidar da mãe deveria ser um ato altruísta de amor e retribuição perante aquela mulher que lhe deu a vida e que se sacrificou por sua criação? Até então com os fatos expostos haveria-se uma certa dúvida acerca deste comportamento.
Vamos acrescentar então alguns fatos a esta equação, a referida filha é a única dentre os irmãos que não trabalha, não estuda, não tem filhos pequenos (por pequenos entende-se menores de 10 anos) e se ocupa apenas de afazeres domésticos (não menosprezando tais afazeres pois estes tem uma carga pesada nas costas das mulheres que vivem para cuidar da família) e de outro lado seus irmãos que tem filhos pequenos, trabalhos braçais exaustivos, um deles, o que mais se dispõe a ajudar a irmã a cuidar da mãe, chaga a trabalhar 15 dias corridos para poder conseguir um final de semana de folga, ISSO MESMO 15 DIAS POR UM FINAL DE SEMANA DE FOLGA.
Diante da situação hipotética (que talvez não seja tão hipotética assim) um dia a mãe aparece com um problema que precisa marcar uma consulta ao médico, a filha surta pois segundo ela cuidar da mãe tem sobrecarregado ela e em meio a um embate com o irmão, aquele dito acima como mais solicito, sugere que ele falte o trabalho para levar a mãe ao médico, mesmo que no dia ela não tenha nenhuma justificativa plausível (doença ou compromisso inadiável) que a faça não conseguir levar a mãe a consulta, registrando-se por último que a mãe mora com ela e que o filho em questão mora acerca de 30 km daquele local.
Sim, sei o que pode aparecer na mente de muitos nesse momento, a situação é complexa e dependo da pessoa e de suas convicções pessoais a resposta seria diferente. Ora, irei então fazer minha análise pessoal acerca do tema.
Minha mãe, a mulher mais importante da minha vida, agora é totalmente independente, destaco que fica difícil imaginar como seria ter que ampará-la na velhice e por mais que se tente, não conseguiremos nunca se colocar no lugar destes filhos, mas nem nas minhas perspectivas mais pessimistas eu imagino um só dia em que eu vá olhar para a minha mãe e ver nela um fardo a ser carregado e que precise ser divido com minha irmã. Como se sentiria a minha mãe ao se ver jogada de um lado para o outro pelos filhos por não ser capaz de ir a uma consulta médica sozinha? como se sentiria minha irmã com tamanha falta de empatia de minha parte, que ficarei em casa sem nada de inadiável para fazer enquanto minha irmã falta o trabalho para acompanhar a minha mãe em uma consulta médica? COMO EU ME SENTIRIA AO FICAR EM CASA e saber que fiz minha irmã faltar o trabalho e as vezes até se prejudicar neste (até por que nem todas as empresas são flexíveis em relação a tais assuntos) para que eu simplesmente pudesse descansar dos cuidados com minha mãe?
Muitos podem não enxergar como eu enxergo, mas por mais exaustivo que se mostrasse os cuidados com a minha mãezinha eu nunca iria querer fazê-la se sentir um peso, um fardo, pois por mais difícil que tenha sido para ela cuidar de mim em diversas situações possíveis, doente aos 40 graus de febre, na traquinagem de criança, na teimosia adolescente, na rebeldia e em todas as situações possíveis ela sempre fez isso com muito amor e cuidado, pergunte se ela se arrepende disso? ela responderá nunca, não por que ser mãe seja fácil, longe de mim romantizar a maternidade, mas por que ela fez tudo o que fez por amor.
Então hoje, a poucos dias do dia das mães esta história chega ao meu conhecimento, escuto com atenção e choro, pois para mim que vivo a quilômetros da minha mãe, que a vejo uma vez no ano, isso se tiver sorte e dinheiro (pois a situação financeira do país não está fácil), que sofro com a distancia e a ausência dela, ouvir relatos do tipo são de cortar o coração, pelo menos cortou o meu, por isso precisei escrever sobre isso, sem pré-julgamentos, pois como disse acima posso tentar me colocar no lugar dessas pessoas, mas isso é impossível, contudo não posso negar que a situação me entristece.
Sobre meu dia, nada importante, rotina, estágio, faculdade e agora cama!
Por fim agradeço ao comentário da jovem @rcunhaa3 (citando a forma de marcação do instagram), bom saber que o hábito de escrever não se perdeu diante das pessoas mais jovens, escrevo diários desde os 12 anos, mas sempre a moda antiga, caneta e papel, esta é a primeira experiência de diário virtual e confesso que estou adorando, a troca de experiências é incrível.

Até a próxima.

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