Apenas palavras

Sinto que estou num processo que trouxe danos consideráveis em minha personalidade. De modo que tem sido difícil achar um meio termo entre o bem estar e o desconforto das situações que me ocorreram durante este longo ano. Acho que é isso, o tempo sempre passa mais lentamente quando estamos lidando com situações desconfortáveis ou mesmo tétricas em nossas vidas.

Bem quisera eu, achar uma solução fácil, mas existem coisas que só o tempo pode curar. Porque o tempo cria um afastamento entre nós e as pessoas, ou mesmo as circunstancias que nos atormentam.
E esse afastamento é extremamente importante.
Com efeito, conseguimos ver as situações e pessoas noutras perspectivas mais abertas, de forma a termos uma dimensão maior do que aquilo ou aqueles significam realmente para nós. E nem sempre é fácil ver as coisas tal como elas são, e não como elas, naqueles momentos, se apresentavam para nós.

Quando olho para trás não sinto necessariamente saudade de quem eu era, embora eu quisesse muitas vezes estar lá e não aqui e agora. Eu fui forte de demasiadas maneiras. Suportei muita coisa difícil de aceitar. E isso me causou muitos males. Pois existem coisas que nunca vamos superar, mas apenas aceitá-las, uma vez que não temos controle sobre aquilo ou aqueles que estão "fora de nós".


Eu não acredito que a verdade dói, como muitos dizem. Acredito que ela nos mostra as coisas como deveríamos ter visto, ou pelo menos interpretado. Porém, somos cheios de astucias e sempre damos um jeito de encobrir certas verdades ou só aceitá-las em parte, mesmo sabendo que coisas pela metade não se sustentam. Mentimos para nós mesmos, muitíssimas vezes.


O que eu faço agora é ver as coisas como elas são de fato. E a realidade assim, não é mais tão prazerosa porque as situações e as pessoas, de um modo geral são horríveis e também estão contando e vivendo meias verdades. Quem se senta para comer e falar sobre suas fraquezas?
Me parece que todo mundo lá fora é mais forte do que eu. Todos são cheios de virtude, contando vantagens sobre seu próximo e demonstrando o quão abeis são em vários aspectos de suas vidas. Campeões! Digo eu.

Ora, mas todos nós sabemos o que somos quando por detrás de nós fechamos a porta e nos ajoelhamos diante de Deus. Ali já não existe orgulho e já não se brinda as próprias mentiras.

Por isso, ser mais ponderado em relação a mim e os outros é meu objetivo. Visto que assim como muita dessa gente, eu também já menti, e ainda as vezes o faço.
E mesmo assim, procuro ser o mais sincero e autentico que posso. Mesmo muitas pessoas não gostando, eu só tenho uma vida e não posso simplesmente entregá-la na "mão" dos outros para estes fazerem dela o que bem entenderem. Se não concordo, discordo. E defenderei meus princípios até que se prove o contrário.

Me sinto sozinho grande parte do tempo, mas eu sei que isso se deve ao fato de eu pensar muito e não ter ninguém para escutar. E é compressível. Afinal, de coisas como essas que eu descrevo aqui, quem é que quer saber? As pessoas só querem viver a própria vida e eu dou a elas a oportunidade de não lhes incomodar com minhas ideias e histórias.

Sei que num futuro terei alguém para falar sobre tudo isso e outras coisas. Que não seja um novo amor, mas uma grande amizade. Eu preferiria assim.
Claro que ao dizer essas coisas não significa que não gosto da minha própria companhia, mas, as vezes é bom ter alguém além de nós para conversar.

Hoje em dia, com trinta e um anos, fica ainda mais difícil achar pessoas que estejam na mesma linha de pensamento. Por incrível que pareça, pelo menos no Brasil é assim.

Bom, preciso ir dormir. Confesso que anseio por minhas férias em dezembro. Preciso além de alguém para conversar profundamente sobre as questões da vida, me afastar do trabalho, casa, e fugir do barulho desta cidade. Se Deus quiser, conseguirei.

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