Viagem não desejada
Amanhã preciso encarar uma viagem que, confesso, não me entusiasma. São sete horas de estrada pela frente e quatro dias longe de casa. Era para ser um respiro - uma pausa na rotina que me consome -, mas não consigo ver isso como algo além de um fardo. Até as pequenas escapadas exigem esforço quando a mente está sobrecarregada.
Há uma encomenda importante chegando esta semana. "E se houver problemas com a entrega? E se eu não estiver aqui para resolver?" A ansiedade, aquela velha conhecida, já martela minha cabeça com cenários catastróficos que nem sequer existem. E pior: estou mergulhada em uma crise de sinusite que turva meus pensamentos e amplifica tudo. A dor latejante no rosto parece conspirar com a mente para que eu só enxergue o pior.
Quero acreditar que tudo vai se resolver. Que a encomenda chegará intacta, que a viagem trará algum alívio inesperado, que a sinusite cederá com os remédios. Mas hoje, neste exato momento, só consigo contar as horas até sexta-feira. Até poder fechar a porta do meu quarto, respirar fundo e recuperar o controle sobre o que é meu.
Escrevo isso não para reclamar, mas para lembrar a mim mesma - e a quem ler - que nem toda aventura é feita de entusiasmo. Às vezes, somos arrastados por obrigações ou circunstâncias, e está tudo bem não estar "pronto" ou "animado". O autocuidado, nessas horas, é abraçar a imperfeição do momento e seguir em frente, mesmo que de olhos semiabertos.
Que a sexta-feira venha rápido.
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