Um abraço - Um Encontro
									
										
								        	 
								        
								        
									        
										
										
										 
										
									 
							
						Ele veio ao meu encontro - cambaleando. 
Sujo, maltrapilho, mas com um sorriso largo no rosto e lágrimas nos olhos - como alguém que ficou longe de seu grande amor por décadas e o reencontra. 
E eu, perplexo com aquele a quem via se achegar a mim. 
E, estando ele próximo, também eu caí em prantos. 
Corri! 
- Onde estavas? E por onde andou, meu amigo? - Perguntara eu, ao abraço tão forte que fez daquele momento coisa sem tempo - de modo que, tanto eu quanto ele, éramos um!
Naquele momento. 
Onde o sereno das lágrimas escorriam sobre nossos rostos como nas relvas das manhãs mais rarefeitas - com palavras não ditas pela língua, mas tão somente pela dor e o alívio do ser.
Ali- naquele abraço. 
Alívio e silêncio. 
Depois de olhar sua face frente à minha - ver o quanto envelheceu, demasiadamente mais do que eu - ele me respondeu e disse:
- Desde aquele dia em que nos perdemos , não encontrei o caminho de volta. E contudo, nunca cansei de lhe procurar, meu amigo. Estive envolto em trevas, sobre as quais não achava saída. Porém, numa manhã taç como esta, uma velha senhora veio me trazer uma indagação: 
"Quem é mais livre: O homem da razão ou o animal irracional?" - perguntou-me a velha. 
Ao passo que eu lhe respondi:
- Ora, certamente o homem! 
Porém, ela tornou a indagar-me, dizendo:
- Jovem tolo! Pode, por acaso, a alma ser medida pela razão? Está a liberdade presa a lógica? Pois eu lhe digo que deve-se encontrar em quem aprisiona pássaros uma vontade imensa de também poder voar.
E eu, enquanto imaginava o que a velha havia me dito, distraí-me por um instante - e ela sumiu. 
Todavia, eu entendi, e comecei a procurar-te. Mas já não usava a razão - tão somente olhava para o alto e caminhava com os olhos da alma. Assim cheguei a teu encontro, pois é nos olhos da alma onde está a potência do ser. 
Alegria. 
Vendo-o contar aquela história, fiquei deslumbrado. Como crescera, meu amigo - como sofrera. 
- Sei a que viestes, por isso estou a prantear contigo.
E ele respondeu: 
- Sei que sabes. Pois então venha, vamo-nos daqui e do meio destes a quem haviam lhe visto antes. Sim, os de fora, cujas únicas preocupações são os devaneios humanos. 
- Sim, vamos! Meu amigo. 
Imagem 
Depois de lançarem o braço sobre seus ombros, saíram até sumir no horizonte - o eu com sua alma. 
	
	
	
 
						
						
										
											
								        
						
						
						
						 	 	
						
						
						
					    
						
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