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Diário de uma sobrevivente

Terça-feira, 14 de Outubro de 2025.
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Diário de uma sobrevivente Público

Quando eu era pequena, minha vida parecia um conto de fadas. Brincava na rua com amigos, tinha irmãos que eu amava, pais que me cuidavam. Eu era aquela menina cheia de curiosidade, riso fácil e sonhos gigantes. Mas aos 7 anos, minha história começou a mudar. Na escola, algumas meninas não gostavam de mim, me zoavam, me rejeitavam. Eu só queria ser aceita, ter amigas, ser feliz. Mas, no lugar disso, me senti sozinha e diferente. Cada dia parecia uma batalha silenciosa.

Ao mesmo tempo, minha realidade familiar era complicada. Toda sexta-feira eu precisava viajar até Toledo, por questões que estavam além da minha compreensão infantil. Minha irmã favorita estava longe, sofrendo também, e eu sofria junto, mesmo sem entender direito. Aprendi a esconder minha dor, a sorrir quando precisava, a ser forte mesmo quando sentia que não podia. Guardei meus sentimentos, porque se falasse, talvez tudo piorasse. Foi minha primeira lição de sobrevivência.

Nos finais de semana, encontrava pequenos refúgios de alegria. Brincava com minhas primas, corria pelo pesque-pague, cuidava do meu cavalo Pingo. Momentos simples, mas preciosos. E foi nesse mundo aparentemente seguro que algo mudou tudo: um evento que quebrou a proteção da minha infância e me ensinou que o mundo podia ser cruel. Meu maior trauma começou ali, e ele deixou marcas profundas.

Na adolescência, a vida continuou me desafiando. Perdas, conflitos familiares, expectativas pesadas e responsabilidades que não eram só minhas. Mas cada desafio me mostrou algo essencial: que eu podia ser mais forte do que imaginava. Aprendi a me defender, a cuidar de mim mesma, a escolher minhas batalhas e, acima de tudo, a me reconhecer como importante e capaz.

Com o tempo, entendi que cada lágrima, cada medo e cada dificuldade carregava uma lição. Aprendi a me ouvir, a me proteger, a valorizar minha própria história. Descobri que eu não precisava mais esconder meus sentimentos nem me culpar por coisas que não podia controlar. Cada passo, mesmo pequeno, era um avanço, uma vitória silenciosa sobre tudo que tentou me derrubar.

Hoje, olhando para aquela menina de 7 anos, vejo coragem. Vejo resiliência. Vejo força onde antes havia medo. E vejo a mulher que me tornei: alguém que conhece sua própria dor, mas que também conhece seu poder. Cada escolha consciente que faço, cada conquista, cada esforço é um ato de amor-próprio e de liberdade.

Minha infância teve dor, mas também teve coragem. Minha adolescência teve desafios, mas também teve resistência. Minha vida adulta é construída sobre essas bases: sobrevivência, aprendizado e força. E agora, sei que posso continuar, independente do que vier, porque já superei o impossível antes.


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