Diário de lordsemideus

A CASA

Quinta-feira, 14 de Agosto de 2025.

A CASA Público
Prólogo:

A analogia a seguir refere a uma casa, onde cada cômodo, cada objeto, cada regra, cada detalhe faz parte de de uma mente que a criou para dar significado a coisas, sentimentos e circunstâncias complexas de um ser desconhecido. Onde a importância e o valor de cada coisa se reflete em características de seres reais.

É também de suma importância manter a imaginação e a atenção a cada fala do personagem.


A CASA:

É inverno, sem vida no céu, sem canto dos pássaros, sem ânimo e melancólico. Vi o mancebo parado na frente da casa. A anos parece não entrar nela, desde os dias da guerra, não teve coragem de retornar para sua morada.. Pensou na loucura daqueles dias antes de ter partido. Depois de tanta dor que sentiu, resolveu morar numa cabana em frente sua mansão. Era uma casa enorme no topo de uma montanha que ficava de frente para o mar. Ao redor, campos verdejantes e a floresta cobria todo o horizonte em volta. Lugar que ele escolhera a dedo, pensando em cada detalhe.


Anos fora e quando retornara, encontrou-a já coberta pelo mato verde que subira por todo o jardim. Ele amava aquela casa, pois era lá que dava as mais lindas festas de verão, onde rodeado de amigos, se banqueteavam.

No entanto, logo após seu retorno não teve coragem de adentrar pela porta da frente, por ser torturado pelo motivo de ter saído dela, afim de defender sua honra na batalha. Batalha esta onde acabou por ser ferido no peito, e é exatamente por esse motivo que não pudera entrar na casa.

Regra 1: Todo objeto que é criado dentro da casa, jamais sai dela.

Regra 2: Sempre que ferido, deve-se permanecer fora da casa até que se cure.

Regra 3: Tudo o que é colocado no porão, não poderá sair dele.

Regra 4: Todo aquele que retirar qualquer coisa do porão, deverá sofrer penalidade física. A gravidade do ferimento será de justo acordo com a dimensão e importância do objeto.

Regra 5: Após o ferimento físico ter se curado, deve-se seguir diretamente para o quarto inquisidor, com propósito de se limpar dos efeitos colaterais da chaga interna.

Do lado de fora permanecia o mancebo, pensando em tudo o que lhe ocorrera e em como deixara tudo aquilo lhe abater tão repentinamente. Ainda confuso, ajoelhou-se no jardim, e cavando um buraco não muito fundo, retirou dele o uma pedra de esmeralda que lá havia enterrado. Era isso que esperava, esse momento, dado que antes não encontrava em si mesmo coragem.

O mancebo sabia que no momento em que entrasse na casa com aquela pedra, teria que por a mesma no porão e lá deixar para sempre. O caso é que ele amava aquela esmeralda, tanto quanto amou qualquer outro objeto que fora criado naquela casa. Nenhum foi para ele tão inestimável e doloroso de desvencilhar.


Tomou coragem, entrou pela porta que dava de frente para a primeira sala. Ah! Aquela sala... que ele tanto amava! Ainda com o choro preso em sua garganta, sem se deixar levar por suas lembranças, passou pela sala direto para a próxima sala, e por outra e outra, até chegar a cozinha, e passando por ela até a outra sala que dava acesso a uma pequena escadinha, por onde descerá até o subsolo, onde por debaixo de um grande tapete, dava acesso ao porão. Depois de retirar o tapete, abriu o cadeado que já estava enferrujado e com tanta poeira que subiu ao retirar o tapete mal podia enxergar a fechadura onde pôs a chave para abrir. Levantando a tampa, viu a pequena escada que dava no tão sombrio e gélido porão.

Nesse momento, subiu o cheiro das coisas que lá estavam, de modo que quase caiu atordoado com tantas lembranças ruins que deixara naquele lugar. Teve medo, enquanto apertava a mão onde estava a pedra. E desvencilhando os dedos dela, olhou-a sabedor de que aquela seria a última vez... E prensando ela novamente nas mãos chorou amargamente por tudo o que vivera com essa.


Depois de minutos que pareceram horas ali, tomou coragem e lançou mão dela, que caindo no chão, foi coberta pela poeira e engolida pela escuridão.

Logo saiu do porão o mancebo, e voltando para cima, trancou novamente o cadeado. E ainda com rosto inchado e envolto em lagrimas, passou pela sala até o corredor longo que dava para o banheiro. Ali, tirando as roupas, se lavou, e saindo ainda nu, foi direto para o quarto, se vestir.


- Está feito! Disse.

- Agora já não há mais retorno.

E depois de colocar vestes limpas, foi direto para o quarto inquisidor. Ali era frio, escuro, e não se podia escutar nada além da voz inquiridora. E esta dizia:

- Ora, ora! Se não é meu Pequeno Sam!... Como demorastes a me visitar, escutei-te a anos pelos outros cômodos, mas a velha me disse que havias fugido. Que foi isto que fizeste? Não me diga que seu motivo foi aquela esmeralda, tolo! Logo vejo neste seu rosto de sapo o quanto pranteaste por ela. Sei que a lançou no porão. E que farás agora? Sabes que não poderás mais retirá-la de lá. Pois conheces o significado e a punição terrível que por esta lhe seria imputada. Não sabes?

E Sam disse:

- Me digas o que quiseres, pois sei o que fiz! E para mim, já não há arrependimento. Podes rir de mim, mas eu também faço de minha ruína, meu riso. Acaso, não estava eu a meses do lado de fora com a senhora dúvida? E não foi eu quem a deixou lá para dar as mãos a certeza? Não me molestes mais com isso!

Ao passo que a inquisidora lhe disse: Sei que mudaste em algo, ainda não sei mas acabarei por descobrir juntamente contigo, moleque! Sabes que não pode esconder nada de mim, visto que desde que me criaste, sou teu carrasco até o fim. Agora pois, dedo que aqui entraste, deixa-me tirar-lhe o último resquício do afeto.

O mancebo disse: O que tens que fazer, faça!

E a voz inquisidora, tomando a última palavra disse:

- Salabá Non Caska!

Ditas estas palavras, cujo o significado somente Sam conhecia, foi lançado para fora do quarto inquisidor.


Este, então, subiu para o sótão, seu lugar preferido da casa. E ao entrar pela porta, viu seu toca discos, logo ao lado, sua poltrona de frente para a janela em formato triangular. E embora aquela noite estivesse fria, dava para ver as estrelas. E se assentando nela disse:


- Sam! Eu voltei Sam! Voltei para casa. Temos muito o que conversar, mas antes, esse momento... E depois, vamos arrumar toda essa bagunça. Contudo, é bom te ver novamente, meu grande amigo!

Continua...


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